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4 de maio de 2010

Não consigo!




Um dia desses, no consultório, falávamos sobre a irritação sentida quando nos reportamos à velha expressão “Não consigo!”. Quanta irritação! A emoção invade e, sem controle, determina nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. OK, calma... Esse é um momento especial. Nem sempre o que pensamos esclarece tudo sobre o que sentimos.

Será que essa irritação diz respeito ao que, normalmente, avaliamos? Será que essa irritação fala somente da sensação de fracasso e inabilidade para lidar com uma situação específica? Será que essa irritação é somente sinal de nossa impotência? O que você acha?

Pare e pense. Quando foi a última vez que você falou “Não consigo!”? Foi naquela festa, em plena fartura de guloseimas, quando alguém muito querido lhe serviu o doce mais gostoso e você respondeu “Não consigo comer um só! Melhor nem chegar perto...” e, surpreendentemente, teve como resposta, “É só comer um, e pronto!”?

A irritação explode internamente e passa a comandar pensamentos, sentimentos e, com muito esforço, criva o comportamento, evitando uma bela confusão. Imagino que esteja dizendo “É assim mesmo que acontece”. OK, é assim mesmo, mas não é só isso que acontece! Que tal olhar o outro lado da moeda?

“Não consigo!” é, também, um ato de coragem. Além da exposição do próprio limite, é, também, a coragem de sustentá-lo. Não entendeu? Vamos lá. Dê uma chance a si mesmo, nem tudo que parece é! Nesse caso, essa expressão nem sempre é reflexo de impotência ou de fracasso. Para diferenciar o seu significado é preciso muita generosidade interna e atenção absoluta em seus próprios sentimentos.

É preciso muita coragem para reconhecer o próprio limite. “Não consigo!” aponta esse limite, determinando, naquele momento, até onde podemos ir. Quando reconhecemos o lugar que ocupamos, temos a chance de aprimorar nossas possibilidades de superação, ao contrário do desconhecimento, que nos afasta da responsabilidade consciente de ultrapassar obstáculos.

Isso demanda não só a coragem de expor nossos limites, quanto a coragem de sustentá-los. Seria muito mais fácil abrir a guarda, comer todos os doces da festa e, depois, infantilmente lamentar o ocorrido. “Não consigo!” é estar consciente e presente na situação. Portanto, não desvalorize seu sinal de alerta, enfrente-o! É a chance de positivar a expressão através do exercício de superação. Enfim, poder também expressar “Eu consegui!”.

Por Laura Cavalcanti, psicóloga
www.bemleve.com.br

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